sábado, 19 de julho de 2008

Mudam-se os tempos...mantém-se as mentalidades




"Temos medo do contágio, não queremos cá gente com hepatite" Moradores do prédio onde funciona SOS Hepatites querem expulsar associação.

in http://dn.sapo.pt/2005/10/18

Tenho uma neta pequena com dois anos que leva a vida a meter tudo na boca e há muita gente de idade que usa o corrimão". Razões que a moradora do prédio do bairro lisboeta dos Olivais onde está sediada a SOS Hepatites considera de sobra para exigir a saída da associação, já que, afiança, "os vírus das hepatites são altamente contagiosos e não se transmitem só pelo sangue e sémen". E não está só a maioria dos vizinhos assinou as cartas registadas com aviso de recepção que, explica, seguiram a semana passada para a Câmara de Lisboa, proprietária do imóvel e responsável pela instalação da associação no mesmo, assim como para a Direcção-Geral de Saúde e para o Centro de Saúde dos Olivais"


Felizmente, alguém conhecedor do assunto deu o seu parecer, face a uma atitude desinformada e e descriminatória.
Não quero ser muito duro com a ignorância, porque há muita falta de informação. Mas isso parece anedota", diz o hepatologista. "Não há qualquer perigo de contágio em relação às hepatites em causa, as crónicas, as B e C. E proponho que essas pessoas pensem nisto há centenas de milhar de infectados com essas hepatites no país. Sentam-se ao lado deles no autocarro, no cinema, nos estádios. Usam o dinheiro que eles tocaram... Era por partilharem o mesmo prédio que iam ser infectadas?" Abana a cabeça. "Estes casos demonstram que ou se fazem campanhas de informação, ou a discriminação nunca mais acaba.



A intolerância e os juízos inadequados levam muitas vezes a manifestações preconceituosas. Em pleno século XXI, mudam-se os tempos, mas são estas as osgas difíceis de arrancar da sociedade em que vivemos.

É um facto as taxas de propagação desta doença, já considerada uma pandemia mundial.

As formas de contágio são variadas, sendo o factor etiológico relevante. Após consulta do site desta associação pude constatar que determinadas hepatites virais, se transmitem pela alimentação (Hepatite A), beijos (Hepatite B e D), relações sexuais, actos de toxicomania e partilha de objectos pessoais(A,B, C, D), casa de banho (A)....curiosamente não há registo de ninguém que tenha contraído o vírus por contacto humano (tocar).

A excelência dos cuidados prestados pelos profissionais de saúde, envolve a consciencialização da população. Não basta apenas pensar em tratar/curar, obter resultados favoráveis capazes de combater tal pandemia passa por reflectir sobre a possibilidade de propagação a médio/longo prazo. Importa prevenir informando, é essa a insígnia preponderante para o combate eficaz do preconceito; é necessário erradicar os mitos que na actualidade não têm razão de ser, perante provas científicas sobre a matéria.

por Maleitaremediante




Existem várias medidas eficazes na prevenção na doença, como:
Vacinação, no caso das hepatites por vírus A e B;

• Uso de água tratada ou fervida;

Lavar bem legumes, frutas e verduras;

Lavar bem as mãos após usar o toalete e antes de preparar os alimentos e de se alimentar;

Não compartilhar seringas e agulhas;

Uso de preservativo nas relações sexuais;

Uso de material de proteção, por profissionais de saúde;

Acompanhamento pré-natal para aconselhamento adequado e prevenção da transmissão;

Evitar uso abusivo de álcool, medicamentos e drogas.

A Hepatite é basicamente uma infecção no fígado.
Existem vários tipos de hepatites e a gravidade da doença é variável em função da etiologia e os danos hepáticos.
Etiologicamente é possível classificar esta patologia da seguite forma: Hepatites virais, auto-imunes e associadas a uso de produtos tóxicos (medicamentos, e álcool por exemplo).

As hepatites podem ser provocadas por vírus, entre os quais estão os seis tipos diferentes de vírus da hepatite (A, B, C, D, E e G ). As Hepatites virais, considerada a maior pandemia mundial da atualidade 60 a 80% cronificam em 15-20 anos, evoluindo para cirrose hepática, e 1-2% para hepatocarcinoma.
Os vírus da hepatite podem ser transmitidos através da água e de alimentos contaminados com matérias fecais (hepatites A e E ), pelo contacto com sangue contaminado (B, C, D e G ) e por via sexual (B e D ). Os vírus têm períodos de incubação diferentes e, em muitos casos, os doentes não apresentam sintomas . As hepatites A e E não se tornam crónicas, enquanto a passagem ao estado crónico é bastante elevada na hepatite C , e comum na hepatite B, D e G, embora nesta última, a doença não apresente muita gravidade.
Quadro clínico (primeiros 3 a 10 dias – pródromo): febre, mal-estar, inaptência, mialgia,cefaléia, náuseas, adinamia.
Após a sintomatologia prodrômica e iniciam-se: colúria,acolia,ictería.
Quanto mais sintomática for a fase aguda da doença, maior a chance da doença hepática se tornar crónica.

Há ainda muito a estudar nesta área, a investigação científica tem percorrido um bom caminho na luta contra a doença, tendo conseguido já elaborar vacinas contra as hepatites A e B, (que permitiram reduzir consideravelmente a sua propagação) e descobrir substâncias (como os interferões) que podem travar a multiplicação do vírus e constituir uma esperança de prolongamento de vida para muitos doentes. Estes tratamentos, contudo, são dispendiosos, apresentam diversos efeitos secundários que podem variar de paciente para paciente, algumas contra-indicações que impossibilitam ou atrasam a prescrição e nem sempre estão disponíveis nos países em desenvolvimento, que são as zonas mais afectadas.
É ainda relevante referir que, embora não tão comum mas ainda um factor de risco possível pacientes submetidos a transfusões sanguíneas e imunodeprimidos o Epstein-Barr, o citomegalovírus e o herpes zoster. Outros agentes de importância são os vírus da dengue e febre amarela.

As Hepatites causadas por perturbações auto-imunes, ou auto agressão do organismo aos hepatócitos, a qual pode acontecer porque uma bactéria, vírus ou fungo pode conter uma porção muito parecida com a célula hepática, causando "confusão" do sistema imunológico. O tratamento é feito com corticóides e drogas imunossupressoras.


"Os sintomas são pouco específicos, semelhantes aos de uma hepatite aguda, podendo, nas mulheres, causar alterações no ciclo menstrual. Esta hepatite, ao contrário da hepatite vírica, atinge sobretudo as mulheres, entre os 20 e os 30 anos e entre os 40 e os 60, pode transformar-se numa doença crónica."

in http://www.soshepatites.org.pt/sos

Existe ainda um vasto leque de drogas que são hepatotóxicas, ou seja, lesam directamente o hepatócito. Tais drogas podem portanto causar hepatite. O antidiabético Troglitazone, por exemplo, foi retirado do mercado em 2000 por causar hepatite, e o Acetaminofen (cujo princípio activo é Paracetamol), é considerada altamente hepatotóxica em doses elevadas.
Outras drogas associadas com hepatite:
Allopurinol
Amitriptyline (antidepressivo)
Amiodarone (antiarrítmico)
Azathioprine
Halothane
(um tipo específico de gás anestésico)
Contraceptivos hormonais
Ibuprofen e indomethacin (
AINES)
Isoniazid (INH), rifampicin, e pyrazinamide (antibióticos específicos para tuberculose)
Ketoconazole (antifungal)
Methyldopa (contra hipertensão)
Minocycline (antibiótico tetracycline)
Nifedipine (contra hipertensão)
Nitrofurantoin (antibiótico)
Phenytoin e ácido valproico (anti-epilepsia)
Zidovudine (antiretroviral ex. combate à AIDS)
Alguns suplementos nutricionais de ervas e vegetais são ainda factores de risco importantes a ter em conta.


O progresso clínico de uma hepatite induzida por medicamentos é muito variável, dependendo da droga e da tendência do paciente a reagir à droga. Por exemplo, hepatite induzida por halothane pode ser de média à fatal, assim como a hepatite induzida por INH. Contraceptivos hormonais podem causar mudanças estruturais no fígado. Hepatite por Amiodarone pode ser incurável, uma vez que o tempo de semi-vida longo da droga (mais de 60 dias) significa que não há maneira eficiente de impedir exposição à droga. Finalmente, é importante referir que a diversidade humana é tão grande que qualquer droga pode vir a causar hepatite.

No que respeita a Tratamento este depende da causa da hepatite. Nas hepatites virais agudas, indica-se apenas repouso relativo (com restrição de atividades físicas), dieta e medicamentos para dor e febre, caso ocorram. Na hepatite viral crónica, existem alguns tratamentos específicos, indicados em alguns casos, que permitem a erradicação do vírus e redução do risco de cirrose e cancro.
Na hepatite auto-imune, utilizam-se medicamentos chamados Corticóides, capazes de reduzir a inflamação. Nas hepatites alcoólica e medicamentosa, recomenda-se a suspensão do uso do agente causador. Nas doenças por acúmulo de ferro e cobre recomenda-se à restrição dietética e o uso de certos medicamentos que ajudam a reduzir o depósito desses metais.
Nos casos de hepatite fulminante, o tratamento é de suporte e, geralmente, o transplante hepático de urgência é necessário para a cura.


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