A pílula Yasmin é um medicamento cujo princípio activo é uma associação medicamentosa Drospirenona+ Etinilestradiol.
Recebi este e-mail há pouco:
Aos 25 anos, dois anos atrás, tive um derrame cerebral com três tomboses venosas, ou seja, três coágulos na cabeça. Descobri em 03 de Outubro de 2004, porque a dor era muito intensa,inclusive chegava a desmaiar e ter vómito tamanho a dor. Achei, no começo que era uma crise de enxaqueca porque tinha muito, principalmente quando estava stressada e com bastante trabalho, o que era o caso. (...) Em toda minha vida evitei tomar esses minúsculos comprimidinhos porcausada retenção e do inchaço que sempre me deram mas YASMIM era tão favorável, tão de alta-tecnologia que resolvo seguir o conselho do meu obstetra. Tomei YASMIN após amamentar meu segundo filho e por apenas 6mesese os malditos comprimidinhos fizeram tamanho estrago! Até hoje faço tratamento para as tromboses e minha qualidade de vida queera 90%, hoje é apenas 10%. Durante estes dois anos vivi dopada de remédios anticoagulantes. Já fiz todos os exames possíveis e imagináveis com os melhores médicos do mundo, nos melhores hospitais. Não tenho heranças genéticas que passam ter me causado derrames, tromboses ou qualquer acidente vascular, o que prova que foi realmente o uso da pílula Yasmim que acarretou toda a doença.Por sorte não tive paralisia facial ou demembros, não perdiavisão, mas já fiquei sabendo com meus médicos neurologistas que estão aparecendo diversos casos de meninas de 17, 19 anos em uso de PÍLULAS DIANE35 e YASMIM com trombose pulmonar, trombose no fígado e muito raramente trombose nas pernas...
Os contraceptivos são das mezinhas miraculosas mais bem concebidas pelo ser humano e de utilidade milenar. São estas mezinhas que permitem a muitos casais ao longo dos séculos disfrutar do prazer sexual.
Há mais de 3000 anos, a arte egípcia já mostrava figuras de homens com algum tipo de envoltório no pénis. Muito contribuiu a imaginação fértil dos nossos antepassado, senão vejamos algumas das formas mais caricatas e estranhas utilizadas como contraceptivos. A introdução na vagina de meio limão espremido, permitia evitar as gravidezes indesejadas devido às suas propriedades ácidas, que actuavam sobre os espermatozóides.
O mel , azeite e vinagre foram os métodos mais utilizados como espermicidas em tempos remotos, sobretudo pelas prostitutas.
É conhecido do século XIX o uso de tampões feitos à base de fezes de crocodilo misturadas com mel. E na Antiga Grécia era usado um tampão de lã com azeite de oliveira, mel e resina de cedro.
Na prevenção da gestação não planeada é fundamental, principalmente para adolescentes e adultos jovens sexualmente activos. É absurdo pensar que não se deve tomar a pílula apenas porque tem efeitos secundários ou contra-indicações. A
pílula é um anticoncepcional oral considerado como um dos melhores métodos para se evitar uma gravidez indesejada, actuando por
inibição da ovulação.
Existem outras indicações médicas para a "pílula" tais como
endometrise, ovários policísticos, tensão pré-menstrual e cólica menstrual.
A "pílula" deve ser consumida diariamente.
Corresponde a uma pequena quantidade de hormonas sexuais (semelhantes às produzidas no organismo),
e actua directamente a nível das gónadas (e das suas capacidades produtivas de hormonas sexuais específicas)
e indirectamente com os mecanismos de produção das hormonas hipofisárias, hipotalâmicas e suprarrenais. Todos os medicamentos têm contra-indicações e efeitos adversos associados.
A selecção do método contraceptivo mais indicado para cada doente deve ser realizado com um médico especialista, pois a escolha do método deve ser personalizada para cada doente.
Note-se que:
Anticoncepcionais orais foram feitos para serem tomados da forma prevista na receita e na bula, não devendo ser tomados de maneira diferente, a não ser que tenha sido orientada pessoalmente pelo seu médico.
Administração errada perde a sua eficácia ocasionando riscos de gravidez e de efeitos adversos graves.
As
Hormonas sexuais femininas e masculinas, assim como os
corticosteróides apresentam uma
via biossintética com semelhança molecular ( são todas compostas por esteróides) o que permite compreender que na síntese dessas h
ormonas
se libertem compostos intermediários que constituem outras hormonas , e que uma glândula produtora de um tipo de esteróides possa dar origem a outro tipo de esteróides. (i.e. Refira-se a produção pelos testículos de estrona e estradiol ou de esteróides androgénicos pelos ovários.)
Os estrogénios naturais ( estradiol, estrona e estriol) são hormonas que para além da sua actividade ao nível dos órgãos sexuais femininos têm também indicação para o tratamento de substituição ( por exemplo tratamento de menopausa). São pouco eficazes por via oral devido à sua rápida metabolização digestiva e hepática.
Os estrogénios sintéticos ( etinilestradiol, mestranol, dietilestibestrol) que se assemelham aos naturais condicionam um aumento do do risco de cancro do endométrio.
A administração transdérmica de substituição tem demonstrado ser uma via eficaz e segura.
A progesterona e os progestagénios são hormonas naturais sem efeitos androgénicos usada nas hemorragias uterinas disfuncionais e no aborto repetido. Para além do uso como anticoncepcional o seu emprego justifica-se para alterações menstruais como endometrioses, dismenorreias e metrorragias funcionais ou em situações de cancro. Tem por efeitos adversos hepatotoxicidade, tromboembolismo, náuseas, vómitos , cefalias, perturbações do equilíbrio, alterações da mucosa uterina e algumas acções androgénicas ( pigmentação da pele, hirsutismo e diminuição da líbido).
A terapêutica com estrogénios faz-se de forma cíclica ou contínua num número variado de situações ginecológicas.
Em terapias de longa duração é conveniente a associação de um progestagénio para diminuir o risco de hiperplasia de endométrio e possível aparecimento de cancro.
Não devem ser administrados durante gravidez e aleitamento, nos carcinomas dependentes dos estrogénios; nas trombolebites ou desordens tromboembólicas; nas afecções hepáticas ou hemorragias vaginais de causa desconhecida.
De acordo com o Prontuário Terapêutico 2007
"Nos medicamentos disponíveis identificados como anticoncepcionais encontram-se
combinações de estrogénios (etinilestradiol ou mestranol) com progestagénios, derivados da 17-alfa-hidroxiprogesterona (dihidroprogesterona ou medroxiprogesterona) ou da 19-nortestosterona (desogestrel, gestodeno, levonorgestrel ou linestrenol) e mais recentemente da espirolactona (drospirenona) que também podem ser usados isoladamente."
Refira-se ainda que " estes medicamentos apresentam, para além da diversidade na sua estrutura química, igual variedade na dosagem dos componentes activos que os constituem. Os seguimentos terapêuticos são feitos por ciclos, iniciados de acordo com o ciclo menstrual, podendo nalguns casos justificar-se uma pausa.
Entre os efeitos laterais, que por vezes desaparecem ao fim de alguns ciclos, atribuem-se
aos estrogénios: cefaleias, irritabilidade, fadiga, náuseas, vómitos, cólicas abdominais, retenção hídrica, congestão varicosa e ainda tensão mamária."
"Aos progestagénios atribuem- se: tendências depressivas, hirsutismo, diminuição da libido, aumento de peso e aparecimento de acne." Os estrogénios podem aumentar o risco de litíase biliar; os tumores benignos do fígado (hepatomas) são raros mas de consequências graves.
O
teor de estrogénios e progestagénios das preparações provoca também modificações nos níveis plasmáticos de triglicerídeos e de lipoproteinas de alta densidade. Ainda que menos frequentes, mas com gravidade, encontram-se as alterações cardiovasculares, como as tromboflebites e o risco de enfarte do miocárdio, que se agrava com o uso do tabaco."
Estão descritas no P.T. diferentes combinações de estrogénios e progestagénios na tentativa de potenciar os efeitos anticoncepcionais e diminuir os seus efeitos laterais.
a) Combinações monofásicas:
As mais utilizadas, mais eficazes e melhor toleradas.
- Contêm doses muito baixas de estrogénios (de 0,02 mg a 0, 15 mg) e de progestagénio.
Administra-se um comprimido durante 21 dias a partir do 1º dia do início da menstruação. A administração seguinte começa 7 dias depois da última dose e neste período ocorre hemorragia menstrual.
- Estão disponíveis no mercado farmacêutico embalagens calendário e embalagens com comprimidos para um mês de tratamento ou seja três semanas com os anticoncepcionais e uma semana de medicação com ferro ou com placebo, para 1 toma diária.
b) Combinações multifásicas:Nestas, mantém-se fixa a dose de estrogénios que se acompanha de doses variáveis de progesterona ao longo do ciclo menstrual: o componente estrogénico está associado a efeitos laterais e que condicionam as opções, de acordo com características fisiológicas e hábitos tabágicos da mulher.
- Das várias associações de estrogénios e progestagénios como anticoncepcionais existem à disposição dos médicos várias formulações.
- É possível classificar estas misturas como de baixa eficácia e de eficácia normal, de acordo com a dosagem de etinilestradiol presente e considerando-se como limite de separação entre elas 25 μg deste fármaco. ´
Como alternativa aos contraceptivos combinados foram apresentadas formulações só com progestagénios que apresentam algumas vantagens por intervenção no metabolism dos hidratos de carbono, nas lipoproteínas séricas e na pele.
Em situações de acne juvenil têm sido usadas com eficácia terapêutica algumas delas.
Os anticoncepcionais ditos de emergência têm a sua indicação nas 12 a 72 horas após a relação sexual, sendo necessária particular atenção às respectivas reacções adversas
Refira-se que para além das pílulas orais há outros métodos hormonais contraceptivos:- Pílula Vaginal: um método a base de hormonas artificiais, que não permite que a mulher ovule, desta forma não há gravidez. Ela é utilizada diariamente e deve ser introduzida na vagina para ser absorvida pelo organismo. Essa opção normalmente é utilizada por pessoas que em problemas estomacais com a pílula anticoncepcional oral.
- Anel Vaginal: O anel vaginal é um método a base de hormonas artificiais, que não permite que a mulher ovule, desta forma não há gravidez. Ela deve ser introduzido uma vez por mês na vagina, e vai soltando a carga hormonal que é absorvida diariamente pelo organismo. No próximo uso (mês), coloca-se outro anel vaginal.
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Implantes: O implante sub-cutâneo é um método a base de hormonas artificiais, que não permite que a mulher ovule, desta forma não há gravidez. Ele é
introduzido por um medico(a) sob a pele da mulher, e vai liberando doses de hormonas diárias no organismo por vários anos. - Contracepção de emergência (pílula do dia seguinte)
- Injecção: É uma injecção com alta dosagem de hormona, que tem efeito prolongado contra a ovulação e alterando o muco cervical e o estado das trompas. Como impede a fecundação, tem eficácia de cerca de 98,5% quando utilizada corretamente.
Há ainda os métodos barreira, preservativos femininos e masculinos ; métodos químicos, pomadas e geleias espermicidas e o DIU (Dispositivo intra-uterino); métodos cirúrgicos, laqueamento das trompas de falópio (esterilização permanente feminina) e vasectomia (esterilização permanente masculina).
Os contraceptivos ideais deverão ser baratos, 100% fiáveis, confortáveis e realmente fáceis de utilizar. Infelizmente, não existe nenhum método assim.
"Os contraceptivos orais são alguns dos produtos mais prescritos. Note-se que os benefícios para a saúde são numerosos e superam os riscos: cientificamente há evidências de protecção contra cancro de ovário e do endométrio, doença benigna da mama, doença inflamatória pélvica (DIP), gravidez ectópica e anemia por deficiência de ferro. Também tem sido sugerido que contraceptivos orais podem oferecer benefício na densidade mineral óssea, miomas uterinos, síndrome de choque tóxico e câncer colorretal. Existem evidências mínimas que apoiam a protecção contra o desenvolvimento de cistos ovarianos funcionais e artrite reumatóide.
Tratamento de alterações clínicas com contraceptivos orais é uma prática clínica que não consta na bula. Dismenorréia, sangramento irregular ou excessivo, acne, hirsutismo e endometriose associada à dor, são alvos comuns da terapia com contraceptivos orais. "
A maioria das doentes não está consciente destes benefícios à saúde, bem como dos usos terapêuticos dos contraceptivos orais, sendo que elas têm uma tendência a superestimar os riscos. Orientação e educação são necessárias para ajudar as mulheres a ficarem bem informadas a respeito de decisões de cuidados com a saúde e aderência ao tratamento.
Fontes: 1 Dayal M, Barnhart KT. Noncontraceptive benefits and therapeutic uses of the oral contraceptive pill. Semin Reprod Med 2001;19:295-304.Texto obtido em E-Science, Schering.2 Noncontraceptive health benefits of combined oral contraception.Hum Reprod Update. 2005 Sep-Oct;11(5):513-25. Epub 2005 Jul 8. Review. PMID: 16006440 [PubMed - indexed for MEDLINE]