A Fitoterapia é um ramo muito vasto, e inclui as Tisanas ou Chás medicinais. São uma das mais comuns utilizações da milenar fitoterapia.
Garcia d’Orta (1500-1568) que se dedicou ao estudo da flora de Goa e dos métodos terapêuticos das correntes da medicina tradicional hindu. Escreveu o célebre livro Colóquio dos Simples e Drogas da Índia e divulgou informações acerca de novas plantas, algumas das quais vieram a beneficiar milhões de seres humanos durante quatro séculos.
Até à primeira metade do século XX as plantas medicinais constituem a principal matéria prima para a preparação de drogas com finalidade terapêutica.
- método da infusão: sob a acção do calor, alguns elementos da planta passam para a água. sobre as folhas da planta deita-se água muito quente, deixando repousar durante alguns minutos. É indicado quando o chá é preparado a partir de partes tenras da planta (folhas, flores e botões).
- método de decocção ou cozimento: na água fervente deitam-se as plantas cortadas em pedacinhos, mantendo a fervura. enquanto a decocção é usada para raízes, caules e frutos secos.
A água utilizada para as tisanas deverá ser de boa qualidade, não excessivamente calcária. O recipiente não deverá ser de metal nem lavado com detergente.
Obviamente, os chás medicinais estão apenas indicados para situações clínicas menores, tendo elevado valor afectivo e curativo para "menores" problemas de saúde. Constipação, rouquidão, indigestão, mau funcionamento intestinal, cansaço, mal estar, estados de ansiedade ou insónia.
Podem ainda assumir importância como adjuvantes de dieta de emagrecimento, de terapêuticas dirigidas ao tubo digestivo ou auxiliando o desaparecimento de perturbações da pele, de inflamação das vias urinárias ou de tosse persistente.
Relativamente às substâncias químicas têm por vantagens:
- menor custo;
- evita efeitos secundários prejudiciais à saúde, ( em consequência da ingestão de alguns fármacos, particularmente dos mais agressivos para a mucosa do estômago);
- predispõe no doente uma alimentação mais equilibrada e saudável, sendo menos frequente a tendência para a obesidade;
- proporciona ao organismo maior quantidade de um nutriente habitualmente insuficiente na nossa dieta: água
- uma infusão de tília ou de botões de laranjeira pode ser preferível a um ou dois comprimidos de "Valium".
Contudo é importante reconhecer as limitações da automedicação à base de Tisanas, a utilização indiscriminada das infusões de plantas pode implicar três tipos de riscos:
Efeitos tóxicos confirmados de algumas plantas menos comuns; Acções indesejáveis de chás obtidos de plantas bem conhecidas, mas ingeridos em concentrações exageradas ou em doses diárias excessivas. Poderá surgir dispepsia, náuseas, acentuado abaixamento da tensão arterial, hipoglicémia, mal estar, dores de cabeça; A utilização prolongada de chás substituindo uma consulta médica, pode ser causa de atraso no diagnóstico de uma doença.
Todos os dias, nas florestas tropicais, são descobertas novas plantas que constituem um dos principais ramos da investigação de novos medicamentos, nomeadamente anticancerosos.
Através da utilização de metodologia científica e análise química é possível a purificação e manipulação dos princípios activos: Dedadeira, beladona, quina, sene, cáscara, plântago, aloés, hamamélia, rauvólfia, ópio, ipeca, genciana, valeriana.
Na segunda metade do século XX, as tecnologias farmacêuticas progrediram rapidamente, verificando-se a substituição destes extractos naturais de plantas por substâncias químicas sintéticas, que actualmente constituem os medicamentos.
Uma planta de uso medicinal tem vários princípios activos, cada um dos quais vai exercer os seus efeitos respectivamente, no tubo digestivo, no sistema nervoso, no aparelho respiratório, no aparelho urinário. Assim, é possível fazer uma classificação das Tisanas em função dos efeitos no organismo:
- Estimulantes : chá vulgar, café, cacau, mate.
- Calmantes : tília, passiflora, valeriana, botões e flor de laranjeira.
- Digestivas : camomila, hipericão, macela, hortelão, cidreira, verbena.
- Laxativas : Flor de pessegueiro, casca de maçã ou de batata seca.
- Obstipantes : Chá vulgar, água de arroz, pimpinela, silva.
- Carminativas (diminuição dos gases intestinais): lúcia-lima, abrótano, agripalma, hissopo.
- Aperitivas (estimulam o apetite): angélica, almeirão, artemísia dos Alpes, lúpulo, orégãos.
- Béquicas ou expectorantes (calmantes da tosse e rouquidão): alteia, tomilho, malva, eucalipto.
- Diuréticas (inflamação das vias urinárias): pés de cereja, barbas de milho, raiz de morango.
As tisanas de flor de jasmim, gerânio rosa, rosa silvestre, entre outras, podem ser utilizadas tão somente para deleite gustativo.
É também possível associar propriedades farmacológicas através de misturas de diferentes plantas ( i.e. tília,+ hortelã + alteia e sene+ anis + tília). Cada planta tem capacidade para exercer várias acções, as quais são potenciadas pela sua associação a outras, para obtenção dos efeitos desejados. A escolha criteriosa de um conjunto de espécies a utilizar numa tisana constitui tarefa complexa, a qual exige conhecimentos profundos de fitoterapia, aliados a sólida experiência.
Recentemente surgiu a "Neofitoterapia" – a substituição das tisanas por comprimidos e geleias de plantas medicinais. Estas formas farmacêuticas traduzem o fenómeno de consumismo que se tem sentido em todos os produtos naturais, com excepção do "Valdispert" ainda um MSRM.