
Todos nós, enquanto meros aprendizes interessados, devemos usufruir das experiências e aproveitar todas as oportunidades de aquisição de conhecimentos, de forma a nos tornarmos melhores profissionais. Conhecer para manipular, distingue o "mestre" do "habilidoso". Por vezes, o senso comum tende a condicionar o Homem a crer apenas no perigo visível. Acontece que tais drogas, embora contidas em frasquinhos de reduzidas dimensões apresentam um vasto leque de efeitos prejudiciais (O PT online refere depressão da medula óssea, alopécia, perturbações GI, diminuição da cicatrização, comprometimento do crescimento (em crianças), desenrrolar de novas mutações (carcinogénese), efeitos teratogénicos, podem causar esterilidade...etc); o conteúdo nas mais diversas formas farmacêuticas, apresenta propriedades amplamente tóxicas e representa um perigo iminente para qualquer comum mortal que contacte directamente com o dito cujo.
Estas "poções" devem ser "meticulosamente" manipuladas, de forma a se obter o efeito "curativo" desejado e não um enrredo colateral de severidade diferencial. Deste modo, é de extrema importância que o profissional de saúde, manipulador, não negligencie as devidas precauções necessárias e esteja ciente da enormidade responsabilidade em si depositada, já que está em causa a sua segurança e a do doente. (por Maleitaremediante)
A Quimioterapia apresenta-se como uma das mais importantes e promissoras formas de tratamento do cancro. Consiste na utilização de agentes químicos isolados ou em combinação, para o controlo e remissão da proliferação destes tumores malignos. Esta forma de tratamento sistémico da doença pode ser conjugada com formas de tratamento mais antigas e localizadas, como a cirurgia e a radioterapia. (BONASSA, 1998). O autor refere ainda que esta terapia desempenha um papel cada vez mais importante no tratamento de doenças neoplásicas, verificando-se a necessidade crescente da preparação de medicamentos citotóxicos a nível hospitalar. Actualmente verifica-se uma grande preocupação em relação à preparação deste tipo de medicamentos, devido aos riscos ocupacionais que podem surtir da exposição a que os profissionais de saúde envolvidos estão sujeitos. De forma a minimizá-los é fundamental a existência de condições de trabalho adequadas que possibilitem uma maior segurança para o profissional envolvido e que minimizem o risco de contaminação da preparação.
Com base no estudo realizado por Teixeira A. ; Simões A.; Tabaquinho S. em PREPARAÇÃO DE MEDICAMENTOS CITOTÓXICOS: RISCOS PROFISSIONAIS E CONDIÇÕES DE TRABALHO, Lisboa 2000
(... ) Relacionando a preparação de medicamentos citotóxicos e, respectivas condições de trabalho, com a apresentação de forma repetida e persistente de sinais e sintomas, comprovou-se estatisticamente a existência de risco relativo em relação a irritação ocular, irritação crónica da garganta e queda de cabelo.
Para os sintomas tosse crónica, tosse quando deitado, dores no peito, hipertensão, hiperpigmentação das unhas, diminuição da líbido e anemia verificou-se uma maior probabilidade de relação com a preparação de medicamentos citotóxicos, no entanto, o risco relativo não pôde ser estatisticamente comprovado.
O desenvolvimento deste estudo permitiu "verificar que muito ainda se pode investigar à cerca do risco que a preparação de medicamentos citotóxicos, e respectivas condições de trabalho, pode constituir para os profissionais de saúde envolvidos."
O desenvolvimento deste estudo permitiu "verificar que muito ainda se pode investigar à cerca do risco que a preparação de medicamentos citotóxicos, e respectivas condições de trabalho, pode constituir para os profissionais de saúde envolvidos."
Este estudo contemplou uma população alvo constituída pelos profissionais de saúde, Técnicos de Farmácia, Farmacêuticos e Enfermeiros, que preparam ou prepararam medicamentos citotóxicos e que exerçam funções em Instituições Hospitalares pertencentes à Região de Lisboa e Vale do Tejo, considerando-se ainda o grupo controlo constituído por profissionais que nunca prepararam.
Face ao exposto, obtiveram-se os seguintes resultados referentes a boas práticas de preparação, bem como o equipamento envolvido na protecção e segurança do manipulador, cuja análise será aqui citada.
" Vários autores indicam que a preparação de medicamentos citotóxicos deve ser centralizada em instalações concebidas para esse fim, na Farmácia Hospitalar, uma vez que permite uma série de vantagens: diminuir os riscos de contaminação para os profissionais de saúde, melhoria da prestação de serviços, redução do tempo empregue na preparação e diminuição do consumo de medicamentos citotóxicos e materiais.
Para todos os profissionais de saúde envolvidos no uso de medicamentos citotóxicos é essencial possuírem formação adequada na técnicas e procedimentos que envolvem a sua manipulação segura. Especialmente aqueles que se encontram directamente envolvidos na preparação de medicamentos citotóxicos devem obrigatoriamente possuir formação específica. Neste estudo podemos observar que o tipo de formação que a maioria dos profissionais de saúde afirma possuir em relação à preparação de medicamentos citotóxicos é formação de base, verificando-se ainda que 14,7% dos profissionais não possuem qualquer tipo de formação específica.
(...)O ideal seria que a maioria dos profissionais envolvidos neste tipo de preparação fossem Técnicos de Farmácia ou Farmacêuticos, o que na generalidade significaria que a preparação decorria na Farmácia Hospitalar. A maior dos profissionais que afirma não ter formação específica para esta preparação é constituída por Enfermeiros(...)
É vital que estes possuam os conhecimentos específicos para que possam proteger os doentes, o ambiente e os profissionais de saúde, incluindo eles próprios, dos potenciais efeitos tóxicos destas drogas.
Observámos que a maioria dos profissionais de saúde (64%) que está envolvida na preparação de medicamentos citotóxicos fazem-no ou fizeram-no durante um período inferior a sete anos, sendo apenas 13,3% os profissionais que afirmam preparar este tipo de medicamentos durante um período não superior a um ano.
Em relação à frequência de rotação dos profissionais envolvidos na preparação destes produtos verificámos que a maioria destes apresenta um sistema de rotação variável.
Observámos que a maioria dos profissionais de saúde (64%) que está envolvida na preparação de medicamentos citotóxicos fazem-no ou fizeram-no durante um período inferior a sete anos, sendo apenas 13,3% os profissionais que afirmam preparar este tipo de medicamentos durante um período não superior a um ano.
Em relação à frequência de rotação dos profissionais envolvidos na preparação destes produtos verificámos que a maioria destes apresenta um sistema de rotação variável.
Na preparação de medicamentos citotóxicos, há técnicas específicas para evitar acidentes como formação de aerossóis, derrames e salpicos ou até picadas. Em relação a estes acidentes de trabalho ocorridos durante a preparação destes medicamentos, observámos que 48% dos profissionais responderam nunca ter sofrido qualquer um destes acidentes. Dos que afirmam ter sofrido acidentes de trabalho, os mais comuns são salpicos e derrames.
Náuseas, diarreia, cólicas abdominais, cefaleias, tonturas, diminuição da acuidade visual, reacções alérgicas, batimentos cardíacos irregulares, hipertensão e queda de cabelo têm maior probabilidade de ocorrer dependendo a exposição provocada por estes acidentes de trabalho durante a preparação de medicamentos citotóxicos. No entanto, estatisticamente apresentam significado, pelo risco relativo referente à não observação de acidentes ser apenas devido ao acaso, náuseas, cefaleias, tonturas e queda de cabelo.
Existe uma percentagem de profissionais que prepara citotóxicos em Câmara de Fluxo de ar laminar horizontal ( em vez de vertival) ou mesmo em bancadas propriamente ditas.
Segundo vários autores, a preparação de medicamentos citotóxicos em bancada de trabalho constitui não só risco de contaminação microbiológica da preparação, o que será muito grave para o doente, mas também risco para o operador e para o ambiente circundante à preparação, pois não existe equipamento técnico adequado que promova a protecção do operador e evite a contaminação do ambiente.
Segundo vários autores, a preparação de medicamentos citotóxicos em bancada de trabalho constitui não só risco de contaminação microbiológica da preparação, o que será muito grave para o doente, mas também risco para o operador e para o ambiente circundante à preparação, pois não existe equipamento técnico adequado que promova a protecção do operador e evite a contaminação do ambiente.
Para aqueles que preparam medicamentos citotóxicos em bancada de trabalho, esta condição pode contribuir para um maior risco de apresentaçãode náuseas, insónias, reacções alérgicas, tosse crónica, tosse quando deitado, batimentos cardíacos irregulares, hiperpigmentação das unhas e alterações dos períodos menstruais, tendo sido estatisticamente comprovados os sintomas reacções alérgicas e irritação crónica da garganta.

De acordo com outros estudos em que se comparou o uso de CFALV ao invés de CFALH, verificou-se uma redução de exposição a agentes citotóxicos, considerando-se que as CFALH apenas protegem o produto, enquanto que as CFALV protegem ambos o produto e o operador. Inicialmente, a preparação de medicamentos citotóxicos era realizada nas enfermarias uma vez que não existiam CFAL e pouco se conhecia à cerca dos efeitos tóxicos destes medicamentos para o preparador. Neste estudo verificámos que a preparação de medicamentos citotóxicos decorre principalmente em CFALV, que ainda muitos profissionais o fazem em bancada de trabalho, principalmente Enfermeiros, e uma minoria, de 8%, apenas constituída por Enfermeiros, em CFALH."
De acordo com as normas existentes para a sala onde decorre a preparação de medicamentos citotóxicos, esta deve possuir lavatório com água corrente para lavagem da pele ou olhos em caso de acidente, parede com janela de vidro para o exterior, intercomunicadores de forma a manter o contacto com o exterior e normas básicas relativas à preparação de medicamentos citotóxicos e normas de como actuar em caso de acidente. Os resultados obtidos referem que "na maioria dos casos existe fonte de
água, janela para o exterior e sistema de comunicação para o exterior(...) e ainda a existência de normas de actuação em caso de acidente e normas de preparação. "
No que respeita a equipamento de protecção individual e equipamento técnico, obtiveram-se os seguintes resultados:
- A bata utilizada deve ser fabricada com material de fraca permeabilidade de forma a que em caso de acidente, o líquido escorra em vez de ser absorvido. Todos afirmaram usar.
- as luvas constituem a primeira barreira de protecção contra uma possível exposição dos profissionais de saúde aos medicamentos citotóxicos. É aconselhavel o uso de dois pares de luvas, látex e especiais para a preparação de citotóxicos. A frequência de troca de luvas, o ideal, segundo as indicações de vários estudos, seria trocar de pares de luvas de 30 em 30 minutos ou na preparação de cada ciclo. Uma minoria afirmou usar dois pares de luvas, sendo que a maior parte usa um par de luvas especiais para o efeito.
- A utilização de máscara na preparação de medicamentos citotóxicos tem como objectivo impedir a inalação de aerossóis de citotóxicos, pelo operador, pelo que deve ser de material impermeável, para além de evitar a contaminação da própria solução. É de extrema importância o uso desta.
- A utilização de óculos protectores justifica-se quando a preparação de medicamentos citotóxicos não decorre em CFALV. No entanto, não pode ser considerada uma protecção suficiente nesses casos. No que diz respeito à utilização deste equipamento de protecção é possível aferir com este estudo que " a grande maioria dos profissionais afirma não os utilizar".
O material utilizado na preparação de medicamentos citotóxicos deve possuir ligações do tipo “luer lock”, reduzindo assim a possibilidade de ocorrência de acidentes por dispersão do tóxico devido às diferenças de pressão criada. A maioria dos profissionais afirma utilizar na preparação material com ligações “luer lock”.
As agulhas utilizadas na preparação de medicamentos citotóxicos devem ser de calibre apropriado, uma vez que as de calibre grosso diminuem a probabilidade de um aumento de pressão no interior da seringa, mas o risco de derrame é muito superior. Neste estudo, a maioria dos profissionais afirma utilizar sempre que necessário agulhas de calibre apropriado
Os campos de trabalho devem possuir um elevado grau de absorção e uma das faces impermeáveis, de forma a conter possíveis salpicos ou derrames. A maioria dos profissionais afirma, neste estudo, utilizar campo de trabalho na preparação de medicamentos citotóxicos
É ainda recomendado o uso de um dispositivo dotado com um filtro hidrofóbico, que permita que o ar entre e saia mas, impedindo que o líquido ou partículas saiam, de modo a equilibrar as pressões. Neste estudo, a maioria dos profissionais de saúde afirma nunca utilizar filtro hidrofóbico na preparação de medicamentos citotóxicos.
As compressas são utilizadas, na preparação de medicamentos citotóxicos, como auxiliares na preparação das soluções, uma vez que oferecem protecção imediata à libertação de aerossóis ou extravasamentos. Neste estudo, a maioria dos profissionais afirmam utilizá-las sempre que necessário durante a preparação.
Também o nível de iluminação deve ser tal que permita o desenvolvimento da técnica de preparação, uma vez que esta é visualmente exigente, sendo a maioria dos resultados obtidos indicadores de um nível adequado de iluminação no local onde decorre a preparação de medicamentos citotóxicos. Relativamente aos níveis de ruído numa sala asséptica, é esperado um nível de ruído elevado devido ao facto das CFAL serem equipamentos ruidosos e das grandes quantidades de ar requeridas nas salas, no entanto, 60% dos profissionais que
trabalham em CFAL, destes 53,3% consideram os níveis de ruído adequados e apenas 33,3% excessivo. No que respeita aos níveis de humidade exigidos para a preparação, nomeadamente de pós sensíveis à humidade, os níveis desta dificilmente serão adequados simultaneamente ao operador e aos medicamentos. Através dos resultados obtidos verificámos que a maioria dos profissionais considera adequados os níveis de humidade relativa do ar no local onde decorre a preparação de medicamentos citotóxicos. Os níveis de
temperatura devem ser tais que não provoquem desgaste e fadiga excessivos,cefaleias, taquicardia, astenia e dificuldades de concentração...no entanto, a maioria dos profissionais afirma ter níveis excessivos no seu local de trabalho.
No que respeito ao registo do tempo de laboração de substâncias e respectivas dosagens preparadas, verificou-se que "a maioria dos profissionais, apesar de manter registos da preparação das substâncias e respectivas dosagens, não o faz em relação ao tempo de laboração".
GLOSSARIO:
GI- gastro-intestinais /CFLAV-Câmara de Fluxo de ar laminar Vertical / CFLAH -Câmara de fluxo de ar laminar Horizontal
BIBLIOGRAFIA
- AZEVEDO, C.; AZEVEDO, A. – Metodologia Científica. 4ª Edição. Porto: C. Azevedo, 1998.
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- CONNOR, et al. – Surface contamination with antineoplastic agents in six sincer treatment centers in Canada and United States. American Journal of Hospital Pharmacy. 56 (1999). 1427-1432.
- ESTEVES, Amaral José – Projecto de salas limpas e salas estéreis em Biotecnologia. Setembro, 1997.
- Manual de Antineoplásicos e Imunomoduladores. Conselho do Colégio da Especialidade em Farmácia Hospitalar, 1999.
- MAYER, Deborah; R.N.; M.S.N.; O.C.N. – Hazards of chemotherapy, Implementing Safe Handling Practices. Cancer Supplement. 70, 4 : (1992). 988-992.
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- OLSON, Wayne P.; GROVES, Michael J. – Asseptic Pharmaceutical Manufacturing, Technology for the 1990s. 1ª Edição, USA, 1987.
- PESTANA, Maria Helena; GAGEIRO, João Nunes – Análise de Dados Para Ciências Sociais, A complementaridade do SPSS. 2ª edição, Edições Sílabo, Lisboa, 2000.
- Plano Estratégico dos Resíduos Hospitalares. Lisboa. Ministério da Saúde e do Ambiente,1999.
- Sécurité dans la manipulation des cytostatiques. Hamburg: Comité internacional de l’AISS pour la prévention des accidents du travail et des maladies professionnelles dans le secteur santé, 1996.
2 comentários:
ola!!!
tens aqui um post mt fixe, altamente...mas confessa lá isto é uma indirecta para o serviço fantástico de cito da guarda, lol, certo? sim pk aquilo é a verdadeira loucura pelo que disseram, lol, e tu sabes bem que sim, lol lol lol
continua assim com post interessante, só é pena que as pessoas que deviam ver isto nao vejam
jinhos
Liliana
Liliana, nao foi de todo minha intençao lançar indirectas sobre nenhum serviço.
É certo que após alguns estagios em Farmacia Hospitalar nos vamos apercebendo de diferentes realidades...contudo é também c essas experiencias que aprendemos gerir o nosso desempenho, demonstrando capacidade de adaptação .
A razao que me levou a escrever este post foi pura e simplesmeste curiosidade, tal como todos os outros.
saudaçoes academicas ;)
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