Desde o Paleolítico que já se conheciam os efeitos benéficos ou tóxicos de materiais de origem vegetal e animal, descritos na China e no Egipto. Os chineses, há mais de 2,6 mil anos, desenvolviam remédios à base de drogas extraídas de plantas; os egípcios, há mais de 1,5 mil anos, preparavam os seus remédios a partir de vegetais, sais de chumbos, cobre e unguentos de banha de leão, hipopótamo, crocodilo e cobra. Porém, o escasso conhecimento dos remédios tornava-se inútil na cura de algumas doenças e, em certos casos, o efeito tóxico sobrepunha-se ao efeito terapêutico.
Em épocas passadas, a imaginação prevalecia e manifestava-se em ideias bizarras: "o excesso da bílis ou sangue são a causa de doenças"; "aplicar unguento à arma que causou o ferimento"; " tens o diabo no corpo". As tentativas de gerar conhecimentos capazes, surgiam em torno da exploração da Biologia e das Patologias, mas ainda com escassos e fundamentados resultados científicos. Na Índia foram desenvolvidos remédios a partir de 600 tipos diferentes de plantas medicinais, enquanto que os Assírios conheceram mais de 200 drogas diferentes.
Na Grécia eram utilizadas as chamadas fórmulas mágicas e as curas surgiam dentro de templos, onde eram pendurados os ex-votos de doentes que tinham alcançado a cura. Coube a Hipócrates levar as " ciências da cura" para fora dos templos. Deste modo, iniciou-se uma nova era, com a sistematização dos medicamentos em três grupos essenciais, os Narcóticos, os Febrífugos e os Purgantes utilizados para a cura dos humores. Os escravos, na Roma primitiva, eram os responsáveis pelo exercício da medicina e alguns, com relativa cultura, eram designados a preparar os medicamentos.
O próprio símbolo da Farmácia, o cálice, a planta e a cobra têm uma história implícita. Entre os gregos, cerca de 1000 anos a.c, a medicina ainda estava divinizada. Uma das lendas gregas para a explicação do símbolo é a lenda de Hipócrates. Segundo as literaturas antigas, o símbolo da Farmácia ilustra o poder (cobra) da cura (cálice). A cobra que tinha engolido a planta do rejuvenescimento, enrolou-se no cajado de Hipócrates e quando estava para picá-lo, ele olhou para a serpente e disse: “se me queres fazer mal, de nada adiantará que me firas, pois tenho no corpo o antídoto contra tua peçonha, se tens fome eu alimento-te.” Hipócrates, padroeiro da medicina, pegou no cálice onde fazia misturas de ervas medicinais e colocou leite que ofereceu à serpente. Por sua vez, esta desceu do cajado, enrolou-se na taça e bebeu o leite. Uma outra lenda para a explicação do símbolo é a lenda do Centauro Chiron. Este centauro dedicou-se ao conhecimento das curas. Teve como um dos seus discípulos o deus Asclépio, deus da saúde (também denominado Esculápio), ao qual o centauro ensinou os segredos das ervas medicinais. O símbolo deste deus é um ceptro com duas serpentes. Asclépio era conhecido pelas suas faculdades curativas e também pelo poder de ressuscitar pessoas. Descontente com a quebra do ciclo natural da vida, Zeus resolveu intervir e matou Asclépio com um raio. Com a morte de Asclépio, a saúde passou a ser responsabilidade de sua filha Hígia, que se tornou dessa maneira a deusa da saúde. Hígia tinha como símbolo um cálice com uma serpente enrolada, uma representação do legado de seu pai. As precursoras da farmácia moderna surgiram no início do Séc. X, quando ainda eram denominadas de Apotecas ou Boticas (espaços onde se exercia a arte do Boticário pelos mesmos).
No final do séc XVll , a Farmacologia ( palavra derivada do latim, pharmakon + logos), assume-se como ciência caracterizada pelo estudo das substâncias que interagem com os sistemas vivos por meio de processos químicos. Os compostos administrados têm por objectivo a "cura dos males", pelo seu efeito terapêutico. Os avanços da Química e da Fisiologia por volta do fim do séc XVlll e início do séc XX, proporcionaram uma base necessária para compreender os mecanismos de acção das drogas nos tecidos e órgãos. Paradoxalmente, os avanços da Farmacologia foram acompanhandos de propaganda não-científica por parte de fabricantes e vendedores de remédios inúteis. Somente há 50 anos atrás, a Indústria Farmacêutica assumiu um papel fulcral no âmbito da pesquisa científica de fármacos.
Actualmente, a Farmácia é um local onde se podem adquirir medicamentos ou outros equipamentos médicos. De entre os profissionais habilitados para exercer no referido espaço estão os Farmacêuticos (licenciados em Ciências Farmacêuticas) e os Técnicos de Farmácia (licenciados em Farmácia). O homem evoluiu e, com ele, as novas tecnologias assumem um papel essencial na cura de muitas doenças. Surge deste modo um profissional capaz de actuar no âmbito das Tecnologias da Saúde, intervindo em todo circuito do medicamento os Licenciados em Farmácia.
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